domingo, 4 de julho de 2010

"Darwin e Kardec: um diálogo possível", de Hebe Laghi de Souza

"Darwin e Kardec: um diálogo possível" - Hebe Laghi de Souza
Editora Allan Kardec

Num dias desses, passeando pela Internet, dei por conta do livro "Darwin e Kadec, um diálogo possível", da bióloga Hebe Laghi de Souza. Por simples curiosidade li toda a obra. Já era do meu conhecimento que o religioso Allan Kardec, ao erguer sua doutrina espírita, utilizou-se dos pressupostos darwinistas, mais precisamente do conceito de "evolução como progresso". E o objetivo deste livro, é exatamente o de tentar "provar" que "as leis da natureza, reveladas por Charles Darwin, se põe paralelas às do mundo espiritual, codificadas por Allan Kardec" (do livro).

MEUS DESTAQUES:
"O impacto causado pelo livro de Charles Darwin foi bem mais rumoroso que o de Allan Kardec porque, não somente mostrava o homem como animal, como fazia mais do que isso, excluía completamente a existência de Deus.
O Espiritismo, muito embora tenha atingido também os princípios religiosos reinantes naquele momento e, da mesma forma, tenha abordado a evolução, um pouco mais ainda que a teoria de Darwin, apresentando todos os fatos desde a origem do universo, abria as portas para uma visão de Deus, apesar de bem diferenciada daquela que, até então, havia reinado no coração e no entendimento das pessoas; e indicava, além disso, um caminho inédito para alcançá-lo. Muitos se renderam a ele e dele se tornaram adeptos.
As religiões tradicionais, porém, o enfrentaram, assim como todos os que permaneceram fiéis a elas. Allan Kardec foi, portanto, também criticado, discutido e contestado.
Quanto à sociedade, havia a possibilidade de escolha, podia ou não aceitar a nova filosofia religiosa; para os que a ela aderiram foi possível entender que não apenas nos indicava uma procedência evolutiva a partir dos símios, como descendentes deles, mas que em uma época de nossa vida fomos símios, cobrimo-nos com aquela vestimenta. Fomos gorilas, não apenas descendemos deles!
Esse, para mim, é o aspecto mais importante da teoria espírita, ou seja, o de nos colocar como seres espirituais, apontando o caminho para a conquista da superioridade, para a construção de nós mesmos, por meio de um contínuo evoluir. Mostra-nos a tortuosa estrada pela qual temos passado, desde os elementos mais simples como os átomos, invertebrados, vírus e bactérias, vermes e insetos até aos vertebrados como peixes, répteis, mamíferos e, destes aos símios, dos quais descendemos. Na fronte não ostentamos, em nossa origem, o timbre da realeza, nem nos foi dado um paraíso celestial do qual acabamos por ser expulsos pela nossa imperfeição.
A Sabedoria Divina nos criou simples e ignorantes, mas dispôs nosso futuro de forma que pudéssemos alcançar o lugar que desfrutamos, como seres humanos, trazendo impressos na alma os primórdios dos conhecimentos instintivos sobre nós mesmos, sobre o amor, sobre o altruísmo e o respeito à vida de um modo geral.
O kardecismo apresenta, pois, o espírito humano como produto decorrente de um longo processo evolutivo a partir do princípio inteligente até a alma humana. Durante o decorrer desse processo, imprimimos em nosso íntimo o conhecimento de nós próprios e do universo, de Deus Criador e de sua natureza eterna, sábia e cheia de amor."

É isso!

Fonte:
"Darwin e Kardec: um diálogo possível". Hebe Laghi de Souza. Editora Allan Kardec. Campinas, 2007, p. 6,7.

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